Depois de um 2019 que começou lento mas que acelerou no segundo semestre, as empresas de eventos, dentre elas o Lajedo, esperavam um 2020 de crescimento. Tudo indicava que esse seria um ano excelente mas o surto de coronavírus paralisou a economia global no primeiro trimestre, gerando incertezas de toda ordem. Diante desse quadro, entrevistamos nosso CEO, Ugo Salema, para que ele traga sua visão sobre o momento atual e sobre o mercado pós-COVID-19.
Como a crise do novo coronavírus está afetando o mercado de eventos?
O mercado de eventos é altamente sensível às crises. Em todas as situações de crise econômica esse mercado é muito afetado. No caso do coronavírus o impacto é ainda mais severo, pois trata-se de um segmento diretamente ligado à aglomerações. Entendo que teremos 2 tempestades a atravessar. A primeira, durante a quarentena, onde a atividade será proibida, por gerar aglomerações. Mesmo que, depois de algumas semanas ou meses, o governo acene com a flexibilização do isolamento, a nossa atividade será uma das últimas a ser liberada. Passada a quarentena por completo vem a fase 2, onde o mercado ainda estará resistente a atividades envolvendo aglomerações, somado a uma forte crise econômica. Serão meses difíceis, mas acredito que tudo é aprendizado e que as mudanças nos tornarão mais preparados.
Qual a posição do Lajedo nesse momento, em relação aos funcionários, parceiros e clientes?
Funcionários: o Lajedo sabe de sua responsabilidade e decidiu pela não demissão durante o período de calamidade. De imediato fechamos as portas por 15 dias e demos férias coletivas, mantendo apenas um plantão de atendimento. Iniciamos abril dando mais 30 dias de férias antecipadas para as áreas ligadas diretamente à realização de eventos e para os funcionários que dependem de transporte público. Os demais tiveram sua jornada de trabalho reduzida. Foram implantadas rotinas de distanciamento para as equipes essenciais de manutenção e jardim. E a equipe de vendas está trabalhando remotamente. Outra ação em prol da saúde de nossos colaboradores foi a doação de alimentos com insumos de nossa cozinha.
Parceiros: reduzimos os contratos de alguns fornecedores, reduzindo também o escopo dos seus serviços. Alguns mantivemos na integralidade. Nosso interesse é prosseguirmos em um relacionamento comercial que atenda ambas as partes.
Clientes: estamos remarcando todos os eventos que ocorreriam dentro do período da crise sem nenhum custo. Adiar sim, cancelar não é o que o mercado propõe. E isso vem sendo muito bem aceito por todos.
A palavra crise também quer dizer oportunidade. O que essa paralisação compulsória está ensinando às empresas de eventos?
Crises sempre geram oportunidade de rever processos e de se tornar melhor, mais ágil e mais eficiente. Também reforçam a necessidade das empresas estarem sempre bem estruturadas e preparadas para elas.
É difícil fazer previsões mas o que podemos esperar desse novo mundo pós-coronavírus?
Do ponto de vista dos negócios: digitalização, sustentabilidade, humanização e transparência. As soluções online para reuniões/vendas e a digitalização de processos, que se aceleraram na crise, crescerão exponencialmente oferecendo mais qualidade nas interações. Sustentabilidade e responsabilidade social, repensadas nesse momento, serão as novas exigências. Humanização e transparência ganharão força na hora do cliente decidir.
Quais as características que as empresas devem buscar para permanecerem relevantes para seus clientes em meio a tantas mudanças?
Acredito que o comportamento ético e humano, boa estrutura (em todos os aspectos), planejamento e dinamismo sejam características importantes para atravessar a crise e demonstrar confiabilidade para os clientes.
Os eventos presenciais vão perder espaço?
A curto prazo sim, mas a longo não. Creio que a longo prazo as pessoas vão aprender a extrair o melhor dos dois mundos. Reuniões virtuais quando eficiência e rapidez se fizerem necessárias e eventos presenciais quando o contato interpessoal ou a experiência dos 5 sentidos forem o mais importante. Uma coisa não substituirá a outra. Mas os dois formatos também podem ser combinados em novos modelos de eventos. O futuro dirá.
2 respostas
Muito bom
Excelente entrevista!