Diversidade e Mata Atlântica
As estimativas sobre o número de espécies vivas da Terra variam entre cinco e dez milhões, dos quais apenas cerca de 1,4 milhão foi identificado e classificado. Dentre todos os biomas da Terra, as florestas tropicais são reconhecidas como aquelas que possuem a maior diversidade de espécies e animais, não sendo superada por nenhum ecossistema do mundo.
Embora não haja um cálculo preciso do número de espécies extintas, os especialistas acreditam que ¼ da diversidade biológica total da Terra estará em vias de extinção durante os próximos vinte ou trinta anos, com graves consequências no mundo para a agricultura, a medicina, a indústria e o patrimônio genético.
A Mata Altlântica é considerada uma das florestas tropicais mais ameaçadas de extinção. Antes da chegada dos colonizadores europeus ao Brasil, a Mata Atlântica ocupava o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, estendendo-se ao longo de encostas e serras da costa atlântica e ocupando uma área de aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados. O processo de ocupação humana ao longo dos anos levou à redução drástica desse ecossistema, intensamente afetado pela exploração de madeiras, de atividades agropecuárias e expansão dos centros urbanos e industriais. Atualmente apenas uma pequena porcentagem (- de 10%) de sua área original sobrevive.
A Mata Atlântica é caracterizada por uma grande diversidade biológica e pelo alto numero de espécies vegetais e animais que ocorrem exclusivamente neste ecossistema. Não obstante, este ainda é muito pouco conhecido, principalmente sob o ponto de vista botânico. À medida que a destruição das matas avança, muitas espécies, diversas delas ainda desconhecidas pelo homem, estão condenadas a desaparecer para sempre. As florestas que atualmente restam são, portanto, importantes repositórios de fauna e flora, cujo patrimônio genético precisa ser respeitado e preservado.
As matas de encosta do Lajedo são formadas principalmente por florestas que, no passado, sofreram intervenção humana, marcada pela retirada de madeira e introdução de culturas como a banana. Boa parte é formada por uma floresta secundária ou capoeira, de aspecto viçoso, que apresenta diversas árvores de rápido crescimento, tais como a embaúba, o jacaré e o cubatão. Além destes, diversos elementos arbóreos destacam-se na paisagem, formando sobre as encostas um contínuo tapete verde, entre estes as quaresmas, o ipê-amarelo, o ipê-cinco-folhas, as figueiras, o cambucá, a carrapateira, o tarumã, a capororoca, a maminha-de-porca, os ingás e diversas outras espécies.
No interior da mata, o estrato formado por arbustos e ervas é marcado pela presença de pixiricas e dos pastos-de-anta, que possuem frutos azuis ou pretos muito apreciados pelos pássaros. Nos locais mais úmidos podemos encontrar ervas como helicônias, bananeiras-da-mata – cujas belas flores laranjas são atrativas a beija-flores – marantas, canas-do-brejo e diversas samambaias.
Também fazem parte da estrutura da mata as plantas que são dependentes de uma árvore suporte para seu desenvolvimento, como as trepadeirass e as epífitas. As trepadeiras nascem no solo e crescem apoiando-se nos troncos e ramos das árvores, como a campainha, a unha-de-vaca e a escova-de-macaco. Já as plantas epífitas nascem e crescem sobre uma árvore hospedeira, destacando-se entre estas bromélias, orquídeas e antúrios.
Nas áreas abertas a ação humana foi mais intensa, como em partes desmatadas ou nas bordas de trilhas, e predominam ervas e arbustos. Nestes locais são comuns plantas invasoras ou ruderais que, por terem ampla distribuição geográfica, são melhor conhecidas do ponto de vista medicinal. Dentre elas podem ser destacadas a amora-silvestre, o cambará, a serralha, a erva-de-são-joão, o picão, o fumo-bravo, a tanchagem e muitas outras.
Como exemplo de plantas não nativas, originárias de outras regiões mas que se tornaram subespontâneas na área, podemos citar a maria-sem-vergonha, com flores rosas ou laranjas, e o lírio-do-brejo, com flores brancas muito perfumadas.